Nasci como nasce qualquer vagabundo Não sei, nem conheço que foram meus pais Cresci nas tabernas ao som das garrafas Pescando de linha na beira do cais Eu estando em casa faço e aconteço Saindo na rua e eu já vou brigar Respeito famílias crianças e velhos Gosto quando um bamba me vem provocar ♪ Eu bato pandeiro e puxo uma cuíca Arranho o cavaco e sopro piston Porém, o que mais me diverte e alegra São as harmonias do meu violão Eu tenho um lira de jacarandá Tomei de um bamba numa serenata Quando ele cantava na porta da amada Tomei-lhe o violão e também a mulata ♪ Moro num cortiço lá na Barra Funda Os meus aluguéis não posso pagar O meu senhorio me faz cara feia Estou vendo que logo nós vamos brigar Mudar-me não quero, dinheiro não tenho Trabalho e dureza, o batente me cansa Posto que o recurso é meter-lhe o cacete E a minha navalha vai entrar na dança ♪ Adeus meus amigos, fiéis companheiros Mari e Marinheiro, Chiquinho e Pereira Adeus Pé de Ferro e mestre Anastácio Paulinho Boquita e Mané Capoeira Receba um abraço desse bom amigo Que hoje está velho sua vida mudou Saudade gostosa da boa mocidade Tempinho gostoso que foi e não voltou