Cansado da luta, dos trancos da vida Saudade doída bateu pra valer Lembrei do meu pai lá no sítio nosso Ô meu velho, eu não posso ficar sem te ver Cheguei bem cedinho na cerca de arame Eu vi um enxame de abelha subir No velho mourão do chão estradeiro Exalava o cheiro do mel jataí Batendo o orvalho da alta pastagem Eu criei coragem pro rancho eu desci Gritei no terreiro, ninguém na palhoça No eito da roça, meu velho, eu vi ♪ Beirando o aceiro, fui subindo o trilho Na roça de milho, eu entrei devagar E o sol, nessa hora, mostrava seu brilho Meu pai, é seu filho eu vim te abraçar E o velho tirou da cabeça o chapéu Olhando pro céu pegou a chorar Dizendo "meu filho, que roupa limpinha Não rele na minha pra não se sujar" ♪ No peito do velho, o suor corria Até parecia a mina da biquinha Meu filho, a água está no arvoredo Eu trouxe, hoje cedo, a porunga cheinha Até meu almoço já está preparado Deixei pendurado no galho da arvinha Eu fiz hoje cedo, bem madrugadão Arroz e feijão, jabá com farinha ♪ Por suas palavras, eu já decifrei E sobre mamãe nem quis perguntar Na roupa do velho, guaxuma miúda E as mãos cascudas que nem jatobá E ele me disse ali nessa hora Você vai embora, onde vai pousar? Papai, eu vou indo, não se aborreça Antes que anoiteça, eu preciso voltar Eu beijei o rosto do meu pai amado Entrou no roçado, sultão foi atrás Eu também saí chorando escondido Meu velho querido, eu te amo demais