Primeiro foi um som leve de peneira peneirando O mar de ideias de um louco A água dentro do coco Foi crescendo entre palmeiras E tambores batucando Um balbucio, um rugido Um som de tragédia e circo Um som de linha de pesca Som de torno e maçarico Veio um som de escavadeira, Bate estaca, britadeira Um som que machuca e lanha Um som de lata de banha Som de caco, som de tralha Era o som de mutilados Quebrando gesso e muleta Um som de festa e batalha Ah, era um som que me orgulhava, Som de ralé e gentalha Era o som dos prisioneiros Som dos Exus catimbeiros, Ái, era o som da canalha, Trovão, forja, baticum Som de cravo e ferradura, dez mil cavalos de Ogum! Esse é o som da minha terra Som de andaime despencando De encosta desmoronando, De rios violentando as margens do meu limite Samba, Samba, Samba Pulsas em tudo que existe, Vazas se meu sangue escorre, Nasces de tudo que morre.