Naquela azenha velhinha Na margem da ribeirinha Que por vales serpenteia Foi testemunha impassível Da tragédia mais horrível Que houvera na minha aldeia Naquela noite de inverno O céu parecia um inferno Estavam os astros em guerra E a ribeira mal sustinha A grande cheia que vinha Pelas vertentes da serra Vendo a ribeira a subir O moleiro quis fugir Levando o filho nos braços Pela ponte carcomida Já velhinha e ressequida A desfazer-se em pedaços Mas ai, a ponte quebrou-se O moleiro como fosse Na cheia da ribeirinha Levou o filho consigo E nunca mais moeu trigo Aquela azenha velhinha