Versos num papel de pão, inverso do que eu imaginei Pilhas de papel no chão, trabalho em vão aqui depois das seis Direita, esquerda, contramão: vago sem direção no fim do mês Disfarço e faço lei do que eu falei Mas eu não sei se vai dar pé A minha fé, meu coração Nem sempre encontram solução E faço versos de amor Proselitiso o meu senhor Estou imerso em tradição Mas afinal... O que eu sou O que eu sou Sou um manobrista de idéias anarquistas E o meu som, e o meu soul Sou um viajante e voo baixo num rasante Um planador Páginas viradas, no jornal linhas traçadas sobre mim Na rádio uma canção e no horizonte uma veste de cetim Me caso com o acaso, dou descaso aos meus casos de amor Te estendo a mão, te dou a flor, mas não tem cor, não tem Esgarço o meu espaço pouco esparso, nos meus passos solidão Não há nenhuma direção (na multidão) O que eu sou O que eu sou Sou um alquimista de idéias vanguardistas Naturais Me deixe em paz A minha paz não se confunde mais com a dor Da solidão Deito no chão